O Brasileiro e o Trauma das Soluções que Funcionam

Há algumas semanas, durante o lançamento do Teller, um comentário chamou minha atenção:

Não havia ironia nas palavras da moça; havia desconfiança. Eu a compreendo, afinal a escassez de leitura no Brasil é, de fato, um problema complexo.

Ainda que tenhamos, como dizia o professor Olavo, certo fetiche pelos livros, há dificuldades antigas que nos afastam das boas leituras:

➡️ o analfabetismo funcional;

➡️ a cultura da distração;

➡️ a ausência de modelos leitores;

➡️ e uma educação utilitária, que nos ensina a acertar alternativas, não a buscar a verdade das coisas.

A DESCONFIANÇA DO QUE FUNCIONA

Diante desse cenário, não surpreende que o brasileiro médio desconfie de quem prometa facilitar o contato com os livros.

Não é preguiça. É trauma.

A vida do brasileiro é permeada de promessas que não se cumprem, sistemas que não funcionam, projetos que começam e não terminam. Quando algo parece funcionar sem exigir o sacrifício da alma, soa suspeito.

Por isso, quando o Teller surge como uma solução simples e funcional, é natural que muitos olhem torto.

Mas esse olhar nasce de uma confusão: a de acreditar que simplicidade e superficialidade são a mesma coisa.

Só que nem toda solução acessível é rasa, assim como nem toda solução complexa é eficaz.

O VALOR DE OUVIR

Meu querido professor Olavo dizia que, se pudesse, ouviria Aristóteles em vez de lê-lo. E quem o culparia? Durante séculos, a voz foi o veículo natural do conhecimento.

A cultura nasceu oral: de Homero às Escrituras, os mestres ensinavam pela fala. A leitura silenciosa é uma invenção recente da história humana.

Ler com os ouvidos é, portanto, uma forma antiga de ler. Ouvir um livro é reencontrar a palavra em sua forma viva, sonora, rítmica.

É treino de atenção, de linguagem e de pensamento — três pilares do desenvolvimento cognitivo.

É, ainda, uma forma de intimidade: ouvir alguém ler é deixar-se conduzir pela voz de outro, como quem entra numa alcova de palavras alheias.

COMPLEMENTAR, NÃO EXCLUDENTE

Nada impede que se una uma forma à outra.

É o que tenho feito com A Rebelião das Massas, de Ortega y Gasset: ouço, depois abro o livro e grifo as passagens que me inquietaram (quero trazê-las noutro momento — o homem era um profeta!).

OUVIR OBRA COMPLETA

Como a linguagem é densa e filosófica, ouvir antes de ler me ajuda a amadurecer a compreensão.

Com Bússola, de Gabriel Kanner, não senti essa necessidade: seu texto é simples, embora profundo — uma conversa franca sobre virtudes, maturidade e o desejo da vida eterna.

OUVIR OBRA COMPLETA

Cada obra pede um ritmo, um grau de escuta, um tipo de presença. Oitiva e leitura se completam nesse caminho.

O importante, parece-me, é reaproximar o leitor das palavras, mesmo quando os olhos estão ocupados — no trânsito, na cozinha, na sala de espera do consultório.

Se o Teller permite isso, então ele não simplifica o problema da leitura, ele restitui à leitura o que ela tem de essencial: o encontro com a palavra viva.

São mais de 170 obras que transformaram a história da humanidade. Grandes clássicos escolhidos por sua capacidade de formar, refinar e elevar a inteligência.

Ideias que ensinaram reis e filósofos, inspiraram líderes e escritores, e que vão iluminar o caminho de quem busca clareza e profundidade em meio à confusão do mundo moderno.

E por um valor quase simbólico para tudo o que o Teller oferece, você tem acesso ilimitado a um catálogo narrado com qualidade profissional, conteúdos que não estão disponíveis em áudio em nenhuma outra plataforma.

Com o Teller, seu tempo se transforma em conhecimento, sua rotina em formação intelectual e sua mente em um espaço de crescimento constante.

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