Programa de modernização da Usiminas: retomada do Alto Forno 3
- Fernand Lodi
- 25 de jan. de 2024
- 7 min de leitura

“Programa de modernização da Usiminas começou com a retomada do Alto Forno 3 e vamos continuar avançando”, afirmou Paolo Rocca, Presidente do grupo Techint no evento de solenidade, com a presença do Governador MG, Romeu Zema, Prefeito Ipatinga Gustavo Nunes, Vice Presidente Assuntos Estratégicos Sérgio Leite e demais autoridades
Nós, jornalistas da Região do Vale do Aço agradecemos a cordialidade do Diretor de Comunicação Roberto Gonzales, Ana Paula Doné e Natalia Reis durante a visita ao Alto Forno 3
A Usiminas recebeu, nesta quarta-feira (24/1) o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e o presidente do Grupo Techint, Paolo Rocca, para a cerimônia que marcou a retomada da operação do Alto-forno 3 da Usina de Ipatinga.

O equipamento passou por uma ampla reforma ao longo de 2023, com foco, principalmente, na eficiência operacional e ambiental. O evento teve a presença, também, do presidente da Ternium, Maximo Vedoya e do prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes.
Em sua fala ao público, Rocca ressaltou que entrada em operação do Alto-forno 3 é um marco muito importante para a continuidade e a modernização industrial da Usiminas.
“Quero reafirmar o nosso compromisso como acionista para impulsionar a Usiminas. Esse é o primeiro passo. O programa de modernização da Usiminas começou com a conclusão do Alto-forno e vamos continuar avançando. Não tem marcha ré. A Usiminas terá, nos próximos anos, grandes projetos de transformação, em Ipatinga, em Cubatão e na Mineração, para avançar na descarbonização das suas operações, para dar maior valor agregado aos seus produtos, para melhorar a sua produtividade e eficiência e poder competir com as melhores plantas do mundo com uma ampla gama de produtos”, afirmou.
O executivo ressaltou, ainda, a concorrência desleal com o aço importado, que tem entrado em grandes volumes no mercado nacional.
“Essa relação desequilibrada está fazendo danos muito graves no mercado de aço brasileiro e na indústria de transformação. Em todos os países onde operamos, há taxas para evitar a competição desleal com a China. No Brasil, o crescimento da importação do aço foi de 50% no último ano e não vemos nenhuma movimentação para bloquear esse processo”, destacou Rocca.

Já o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, destacou o investimento realizado pela companhia. “Parabéns a todos os envolvidos na reforma do Alto-forno 3, um projeto que se destaca como um dos maiores investimentos realizados em Minas Gerais durante esses cinco anos de governo. Um projeto grandioso, maior, talvez, do que 98% dos demais investimentos recebidos pelo estado”.
Equipamento

O Alto-forno 3 recebeu R$2,7 bilhões em investimentos, o que possibilitou que toda a estrutura do equipamento fosse substituída e atualizada, permitindo uma melhor distribuição a carga metálica e dos combustíveis. Há também ganhos do ponto de vista ambiental.
Após a reforma, o Alto-forno conta com um controle mais moderno e preciso, além de gerar menores emissões de CO2 e de material particulado. Hoje, o equipamento é o mais moderno em operação no ocidente.
A operação foi retomada em novembro de 2023 e o equipamento, com capacidade para produzir 3 milhões de toneladas anuais de ferro gusa, atingiu a produção em nível comercial ainda em 2023.
Durante a reforma, foram gerados cerca de nove mil empregos temporários, sendo 60% das vagas ocupadas por pessoas da região do Vale do Aço.
Cerca de R$ 400 milhões foram investidos em compra de equipamentos e materiais para a obra de fornecedores locais e, apenas de ISSQN, houve uma arrecadação de R$ 17 milhões.\
Discurso do Presidente da Usiminas Paolo Rocca

Agradecimentos
Orgulho de estar hoje aqui no Vale do Aço. Ipatinga é a cidade onde nasceu a Usiminas, uma referência da indústria do aço na América Latina e um importante pólo metal mecânico.
A entrada em operação do Alto Forno 3 é um marco muito importante para a continuidade e a modernização industrial da Usiminas.
Tecnologia de ponta, profissionalismo na execução do projeto. Reconhecimento ao time que trabalhou ao longo de dois anos nesse projeto, demonstrando a sua capacidade.
Esse é o primeiro passo: Usiminas terá nos próximos anos grandes projetos de transformação, em Ipatinga, em Cubatao e na mineração, para avançar na descarbonização das suas perações, para dar maior valor agregado aos seus produtos, para melhorar a sua produtividade e eficiência e poder competir com as melhores plantas do mundo com uma ampla gama de produtos.
A criação da Usiminas, com a fundamental contribuição da Nippon Steel, foi um passo histórico para acelerar o desenvolvimento industrial do Brasil.
O resultado dessa política foi que o PIB industrial chegou a 30% com destaque para a forte presença do aço no crescimento econômico do Brasil. O Brasil daqueles anos era um modelo de desenvolvimento industrial, exemplo para outros países da America Latina.
Ao longos dos últimos 25 anos, a partir da expansão da participação da China na produção e comércio de produtos industriais, no Brasil, como em muitos outros países da América Latina, com exceção do México, esse paradigma virtuoso de desenvolvimento baseado na indústria se inverteu.
O país que foi o líder industrial da América Latina teve um acelerado processo de desindustrialização.
O PIB da indústria de transformação caiu para 15% e o comercio exterior se baseia em um forte superavit de matérias-primas (140 bilhões de dólares) e um importante déficit nos produtos industriais (41 bilhões de dólares).
O Brasil já foi o maior produtor de carros da América Latina e, agora, está atrás do México nesse ranking. A exportação de produtos manufaturados representava 59% do total do país e esse número chegou a 33% em 2022. Hoje, mais de 67% da exportação brasileira é de produtos primários, como petróleo, minérios e agricultura.
A raiz dessa desindustrialização está na relação com a China e nos desequilíbrios no comercio: superávit de produtos primários com China de 85 bilhões de dólares e déficit na indústria de transformação de 34 bilhões de dólares.
Essa relação desequilibrada está fazendo danos muito graves no mercado de aço brasileiro e na indústria de transformação. Em todos os países onde operamos, há taxas para evitar a competição desleal com a China.
No Brasil, o crescimento da importação do aço foi de 50% no último ano e não vemos nenhuma movimentação para bloquear esse processo.
As mesmas empresas siderúrgicas e muitas companhias da nossa cadeia industrial estão postergando ou cancelando novos investimentos porque não é possível competir com o Estado chinês.
Não é possível competir com a combinação de subsídios, financiamento sem custo, investimento do setor público, subsídios de serviços essenciais, que distorcem a alocação de capital e promovem a formação de um substancial excesso de capacidade produtiva nesse país.
Esse cenário é preocupante porque desestimula qualquer investimento no setor industrial do Brasil e não existe desenvolvimento econômico e social em um país sem a indústria.
Não podemos deixar que a China continue levando os empregos de qualidade para lá.
O ciclo de globalização que promoveu a priorização das economias do Brasil e da América Latina, hoje, está mudando em escala global.
A pandemia, as guerras, as crescentes tensões entre os Estados Unidos e a China, a necessidade de uma transição energética para energias limpas, estão modificando o contexto da cadeia de valor e das relações comerciais. Estão aparecendo os riscos de um desenvolvimento baseado sobre os produtos primários e a dependência da China.
Ao mesmo tempo estão abrindo novas oportunidades, em particular para o Brasil. A América Latina e, especialmente, o Brasil têm a oportunidade de atrair novos investimentos industrais, ganhar acesso a novos mercados para os produtos de maior valor agregado.
O Brasil tem uma matriz energética limpa, recursos humanos de qualidade e uma grande oferta de matéria-prima. É um candidato forte para atrair essa reconstrução da cadeia de suprimentos globais. O México já está aproveitando essa oportunidade.
Para poder ser protagonista e não a vítima nesse novo ciclo que se está desenhando, é necessário criar as condições para promover a eficiência e a competitividade do sistema industrial.
O Poder público e as empresas precisam trabalhar com uma visão comum de longo prazo. Combater as práticas desleais no comercio, reduzir e simplificar a carga tributária, melhorar a eficiência dos serviços públicos e da infraestrutura que sustenta as atividades produtivas precisam estar na agenda prioritária do país.
A segurança jurídica, a estabilidade das regras do jogo, a consistência das decisões do poder judiciário têm um peso importante para criar um contexto favorável para os investimentos.
Um exemplo: Iniciamos o nosso investimento na Usiminas em 2012 e, até hoje, enfrentamos uma disputa judicial sobre uma possível obrigação de realizar uma oferta pública de ações.
A jurisprudência histórica do Brasil deixava claro que não era necessário realizar a OPA, tivemos decisões favoráveis na esfera administrativa e em 3 instâncias judiciais, mas o assunto ainda não está encerrado 12 anos depois.
A Reforma Tributária introduzida recentemente foi um passo importante mas ainda é necessário mais avanços para reduzir o custo Brasil, criar as melhores condições para acelerar a atração de investimento.
As empresas têm que investir e buscar a maior eficiência nas suas operações. Em qualquer cenário é necessário aumentar a nossa produtividade, investir em tecnologia, incorporar as ferramentas digitais em todos os âmbitos da gestão.
Esses passos são essenciais para poder competir com sucesso e para assegurar serviços e produtos de qualidade para a cadeia de valor.
Nosso maior recurso é a nossa gente, e por isso a capacitação permanente, a atenção as suas necessidades, a motivação e o orgulho de vestir esse uniforme estão no centro da nossa agenda de transformação.
Reforçamos o nosso compromisso de sermos bons vizinhos. A segurança, o cuidado com o meio ambiente não são uma opção, são uma condição necessária para legitimar as nossas operações, e parte dos nossos valores.
Precisamos continuar avançando na melhoria do desempenho ambiental e vamos fortalecer o nosso apoio para o desenvolvimento da educação nas comunidades onde operamos. Já estamos trabalhando para maximizar o impacto da Usiminas nessa área.
Isso é o que estamos fazendo na Usiminas, seguindo uma vocação industrial que tem suas origens nas mesma raízes do Grupo Techint. O compromisso com o desenvolvimento industrial foi uma missão para o meu avô e fundador do Grupo Techint, Agostino Rocca.
Na década de 40, ele montou escritórios no Brasil, Argentina e México para apoiar o crescimento das indústrias nesses países.
A visão sobre a qual se construiu o Grupo Techint ao longo dos últimos 70 anos é contribuir com o crescimentos dos países da America Latina agregando valor aos imensos recursos naturais e o potencial dos Recursos Humanos nos nossos países. Essa continua sendo a nossa vocação.
O Grupo Techint e a Ternium assumiram uma maior responsabilidade na condução da Usiminas. Apesar de olhar com preocupação o cenário atual, também identificamos grande oportunidades para o Brasil e para a Usiminas no contexto mundial. Apostamos na Usiminas.
Um exemplo dessa colaboração foi o extraordinário projeto realizado na Argentina com aço da Usiminas, para desenvolver o potencial de gás de Vaca Muerta, parte de um projecto de longo prazo de integração energética entre nossos países.
Quero reafirmar o nosso compromisso como acionista para impulsionar a Usiminas. O programa de modernização da Usiminas começou com a conclusão do Alto Forno e vamos continuar avançando. Não tem marcha ré.
O aumento da participação na Usiminas dobra a aposta no Brasil. A Usiminas, Ternium, Tenaris e Techint Engenharia e Construção dão trabalho para 40,000 pessoas. Nossa rede de clientes e fornecedores, pequenas, medias e grandes empresas comprometidas com o desenvolvimento industrial do pais estão presente em todo o país.
Eu quero deixar um recado para todos os funcionárias e funcionárias da Usiminas.
Acreditamos na capacidade de vocês para liderar esse novo momento da empresa, focada na excelência industrial e eficiência operacional.
Vamos trabalhar para apoiar o fortalecimento de Minas Gerais e o Brasil industrial.